sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

"A Gata" de... galochas.



Sexta-feira, 07:40:
Entro no metrô, abro meu livro e quando menos espero, lá estava... a imagem das trevas, nos pés de uma mulher de 20 e tantos... a imagem era horrível, temerosa, arrepiante... era uma... uma... era uma galocha!!! AAAAAHHHHH!!!! Antes que tivesse tempo de olhar para a saída, as portas se fecharam e não tive para onde fugir. Isso não pode ser um bom sinal. Sexta-feira é dia de ver coisas boas, ter pensamento feliz, de se sentir aliviado com a idéia do final de semana. Justamente numa sexta-feira a primeira imagem marcante que eu tive foi de uma galocha... com estampa de oncinha!!! O céu escureceu... as nuvens pesaram... ouvia-se trovoadas.

Porque meu Deus?? Porque??? O que faz um ser, uma mulher de 20 e tantos (se não 30) anos usar galochas num dia comum?? Se isso fosse bonito, os estilistas, as lojas, exibiriam coleções dessas coisas cujo nome não quero pronunciar. Seriam iguais as botas no inverno... mas ninguém ver isso aconter. Existe um moivo óbvio para isso: a não ser que as galochas sejam aquelas da Hunter que imitam croco preta e tem fivelas douradas (ou seja uma quase bota) ou que você tenha até 5 anos de idade (pq aos 7 já é vergonhoso) ou que exerça alguma profissão que exija o seu uso (tipo ordenhando vaca), não é nada legal nada legal sair desfilando pelas ruas de galochas.

Tá bom... vou parar ser tão radical e extremista... talvez algumas galochas, até sejam aceitáveis, mas deixo aqui o meu apelo: Por favor, poupem a visão alheia. Se for para usar galochas, que seja em um dia de muita chuva... e um modelo discreto, nada de estampas de oncinha, florzinha e outras coisas "inha(o)s"!


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Novas Descobertas




Hoje eu gostaria de deixar uma sugestão, mas antes...

Ontém, acreditem ou não, a Maria Isabel foi a praia curtir a "deliciosa" sensação de areia grudada entre os dedões do pé. Sim, continuo longe do maneirismo carioca, mas não conseguí imaginar o que mais fazer nesta sufocante onda de calor. Antes que vocês comecem a se empolgar: não, eu ainda não adquirí o talento de ficar parada na areia escaldante, acompanhando com a cabeça a trajetória da bolinha de frescobol, do casal vizinho, voar de um lado e para o outro... de um lado e para o outro. A melhor opção que me restava era fazer uma caminhada... no calçadão é lógico. A idéia de caminhar junto a água até era convidativa, mas o risco de ser atropelada por algum praiero entusiasmado me pareceu bem alta. Desistí na hora.

É de se imaginar que em uma cidade tão grande, em pleno calor escaldante, a probabilidade de um petropolitano coincidentemente encontrar um conterrâneo, seja bem pequena, mas naquele domingo de sol a estatística provou que o mínimo também é possível. Estava eu na minha caminhada, quando percebí um cidadão em uma bicicleta, olhando incontrolávelmente para minha cara. Hum... parecia ser o Carlos, mas se fosse ele teria falado oi. Tudo bem que eu sou míope e já estava a bastante tempo embaixo do sol, mas o cara era muito parecido com ele! Oh! E não é que era o Carlos?! Amigo de longa data... mala de longa data... chateeeinho de longa data (Rs). Só faltou me perguntar me meu irmão tinha deixado eu ir a praia e se sabia que eu estava vestida daquele jeito (para relembrar os velhos tempos). Oh adolescência sofrida! Não bastava ter um irmão ciumento e controlador... os amigos dele também tinham que me vigiar... haha. Uma água de coco e alguns assuntos depois: cada um seguiu para um lado e fui faminta a procura do Koni Store mais próximo.

É aqui onde eu queria chegar. O legal dessas lojas do Koni é que eles estão com uma seleção musical muito boa! Para os que não gostam de peixe cru... vale a pena passar por lá para beber alguma coisa e ouvir as músicas e quem sabe até experimentar um Konizin'. Meus parabéns para o DJ e produtor Joca Vidal. Esse vídeo aí de cima é uma das descobertas entre a seleção do Joca. The Eye of the Tiger na voz de Chiara Mastroianni. Sensacional!

Bom, essa estória toda da praia era para chegar neste curto parágrafo da música e também para dedicar este post a mi amigo Carlos, frequentador assíduo do Poivre-Rosé, que nunca deixou um comentário pra mim e que vive me cobrando novos posts. Carlitos, mesmo depois de ser chamada de branca azeda e rabugenta, "te dedico"! Agora cadê o meu chopp?! rs

domingo, 8 de novembro de 2009

Mr. Gorbachev, tear down this wall!

"A Mother and her dead Son" (Pieta) - Kathe Kollwitz

Ás vésperas do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim, eu me sinto no dever de finalmente dar continuidade as postagens sobre minhas férias. Afinal, a recente viagem á Alemanha me faz entender o significado desta data com ainda mais sensibilidade.

Vim dedicando muito tempo em tentar escrever algo sobre minha ida a Berlim.Talvez minha maior dificuldade tenha sido porque não quero escrever apenas qualquer coisa. Sinto certa responsabilidade em fazer jus a tudo o que é Berlim – uma responsabilidade como cidadã do mundo ou até mesmo como internacionalista (carreira por opção e tesão por entender as cenas que construíram o mundo em que vivemos hoje).

Shakespeare uma vez escreveu “Todo o mundo é um palco e todas as mulheres e todos os homens são meros atores.” Eu diria que Berlim por si só já é um palco, por onde todos que lá passaram, foram meros “fatores”.

É difícil começar a escrever... O que dizer sobre uma cidade que durante décadas foi o centro das atenções do mundo? Onde nada acontecia sem que alguém soubesse... Onde qualquer deslize contra o sistema não saía impune. Berlim foi brutalizada. Não só uma vez, mas duas vezes consecutivas. Berlim foi dividida. Não só uma vez, mas duas vezes consecutivas. Berlim foi reconstruída. Não só uma vez, mas duas vezes consecutivas.

Ao caminhar por Berlim – pela linda e imponente Berlim – não podia deixar de imaginar as dores e cenas que ocorreram no local. A cada marca de bala nos edifícios (cicatrizes da cidade), a pergunta: quem teria sido o alvo? A cada pedaço remanescente do muro (cicatrizes da cidade), a pergunta: quantas famílias foram divididas?

Berlim é uma experiência mais que geográfica e histórica. É uma experiência sensorial, até mesmo psicológica, é sem dúvida uma experiência humana!

A primeira impressão foi de um ar de melancolia, uma sensação de que algo havia sido esquecido, foi quase como andar em uma cidade fantasma cheia de gente (turistas). Era sábado de manhã e talvez a sensação tenha sido meramente porque as pessoas ainda não haviam acordado. Ao longo do dia e da multidão de turistas, a sensação se repetia. Onde estariam os moradores da cidade? Foi então que nosso guia apresentou a explicação: Berlim é uma das cidades mais pobres da Alemanha, quase não possui investimento privado. O governo foi “obrigado” a simular obras com falsas fachadas, com andaimes, para que os turistas não tivessem a sensação da cidade ter sido abandonada. Reconheço os esforços do governo alemão, mas tenho que admitir que talvez isso dó funcione para o turista comum... Os mais perceptivos sentem a melancolia de Berlim.

Mas nem tudo é pesar naquela cidade. Como ela é linda! Sua beleza é tão imensa, que enche o coração de alegria, quase como se apaixonar pela primeira vez (não tivera eu já me apaixonado por Paris). O vento era gélido, porém acolhedor, como se a cidade estivesse querendo passar as mãos no meu rosto e dizer “seja bem-vinda”.

Berlim é mulher. Uma mulher que viveu de glórias, linda e majestosa! A dama mais amada do Império Prussiano. Uma dama que foi seqüestrada, saqueada, violentada e depois largada. Uma dama que após seu sofrimento, vive dos olhares caridosos, porém desviados, daqueles que poderiam ter-la protegido, mas estavam mais ocupados com outras frivolidades. Talvez por vergonha, hoje não conseguem olhar-la nos olhos. Vive dos olhares curiosos daqueles que de longe e há muito ouvem sua história. Mas Berlim É mulher e como a mulher que é, ela se mantém linda e imponente, como quem diz “Olhem para mim! Eu sou a mesma que sempre fui! Vocês não vão me ignorar e muito menos esquecer!”

No dia 09 de novembro de 1989, um homem cometeu um erro, sem querer salvou Berlim e talvez toda a humanidade da tirania da briga por poder. Parabéns Günter Schabowski, pelo erro mais bem cometido em toda a história contemporânea. Parabéns Riccardo Ehrman, pela pergunta mais oportuna em toda a história contemporânea.

Para quem gosta de arte, ficou curioso e quer saber mais sobre a foto acima:
http://www.lauranehr.com/blog/tag/kathe-kollwitz/
http://en.wikipedia.org/wiki/Neue_Wache

OBS.: A escultura fica sob uma abertura no telhado, exposta as condições climáticas, simbolizando o sofrimento das vítimas da tirania e da guerra.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Vive la France!



Antes de qualquer coisa, peco desculpas, pois escrevo do laptop do meu irmao que está formatado para o alemao. Fico aqui parada em frente ao computador tentando imaginar como relatar os últimos dias. Acho que nada que eu escreva fará justica ao esplendor do que tem sido meus dias desde que aterrisei no aeroporto Charles de Gaulle.

Embarquei no aeroporto Tom Jobim, aguardando um longo, cansativo e tedioso vôo de aproximadamente 11 horas + uma longa, cansativa e tediosa espera de 8 horas até embarcar na conexao para Hanover. Me surpreendí em ambos os casos. Ao embarcar no Rio conhecí meu mais novo amigo, sentado na poltrona ao lado: O Maxwell (Max para os íntimos), um jovem que fazia questao de ficar lembrando dos seus 45 anos. Mais um servo da navegacao (no caso dele, a submarina). A boa conversa e estórias do mundo a fora fizem as longas horas do vôo "voarem." Antes de desembarcar o Max fez uma sugestao: "Aproveite as horas de espera e vá conhecer Paris. Se você nao for, vai acabar se arrependendo..." Será que eu seria tao ousada?

Ao sair do aviao, olhei para a D. Evanir (sogra d meu irmao e minha companheira de viagem) e disse "vamos?" Nao sei quem era a mais louca: se era eu por fazer a sugestao ou ela por concordar. Procurei o guichê de informacoes a turistas e comprei nossas passagens. ***Choque cultural N° 1: por 7 Euros compra-se uma passagem de uso ilimitado durante 24 horas., para que as pessoas possam conhecer a cidade. Com um francês medíocre e um mapa na mao, pegamos o metrô no aeroporto e fomos rumo a felicidade.

A primeira parada: A catedral de Notre Dame. Chegamos bem no meio de uma missa em latim. Haja coracao neste momento! A emocao foi tao grande que precisei de um momento até "cair a ficha." Infelizmente nosso tempo era contado e ainda tinhamos bastante coisas para ver e nao sabiamos exatamente a distância e tempo entre cada uma.

Dizem que todo mundo se apaixona em Paris. Sempre achei isso uma dessas frases feitas de cinema americano. Ao avistar a Torre Eifel de longe, confesso que um milhao de borboletas voaram comecaram a voar dentro da minha barriga, meu coracao desparou e tive uma incontrolável vontade de sorrir. Naquele exato momento, me apaixonei... me apaixonei por Paris. Já nao lembrava do cansaco do vôo... das quase 24 horas sem dormir... minha atencao pertencia a Paris.

Ao deixarmos a torre rumo ao nosso próximo destino, paramos em um "camelô" de souvenir. O vendedor: um indiano que falava um português meio enrolado. Acho que a novela do Raj andou fazendo bastante sucesso entre a comunidade indiana. Nosso amigo veio dizer que sou igual a Juliana Paes. Haha. Imagina eu e a Jú... irmas gêmeas... mas valeu a "semelhanca": ganhamos quase 50% de desconto e dois chaveiros de grátis!

Caminhamos ao lado do Rio Sena até a proxima estacao. Por sorte ou por intervencao divina, sempre embarcavamos na direcao correta do metrô. Ao entrarmos no vagão logo fomos surpreendidas com um teatrinho ambulante e entre uma fala e outra logo estavamos na próxima parada: Champs Elysee e seu magnífico Arc de Triomphe. Quer lugar melhor que este para sentir a glória de vencer os obstáculos do sono, cansaço e medo de se perder??

Falando em se perder... "Dona Ivanir, onde é que está o mapa?" Jesus! Perdemos o mapa... Foi neste exato momento que o sentimento de glória e vitória sairam correndo e largaram o desespero no lugar. Voltamos para a estação de metrô e ao ver o primeiro funcionário fui logo mandando um inglês pedindo socorro, como todo bom turista. Como todo bom francês, nosso amigão olhou para minha cara torcendo o nariz. Tentei uma nova abordagem: a capacidade total do meu francês medíocre. Talvez tenha sido o cançaso, talvez o desespero, mas o fato é que não entendí uma única palavra da resposta dele. Foi aí que tive que apelar e fazer cara de choro e dizer: "Je ne comprends pa... parle-vouz inglés". E assim morreu qualquer boa vontade que aquele velho homem tinha. Com um curto "Oui. That train!" nos indicou o trem que tinhamos que pegar e zarpou fora.

Assim, com toda a beleza de Paris e o bom humor dos franceses, minhas 8 horas na França chegaram ao fim. Sem tristeza, mas com um coração apaixonado, me despedí de Paris e anseiava reencontrar meu irmão.


sábado, 19 de setembro de 2009

Minha Família, Meus Deuses, Meus Templos

Templo (do latim templum local sagrado) é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso. O termo também pode ser usado em sentido figurado. Neste sentido, é o reflexo do mundo divino, a habitação de Deus sobre a terra, o lugar da Presença Real.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo

Muitos lugares são chamados de templo, talvez por sua simbologia estética ou pela tradição em serem vistos como tal. Pouquíssimos lugares realmente são considerados templos. Estes são lugares que despretenciosamente nos trazem a sensação de pertencer a algo maior.

Um restaurante com um toque de jazz, com um ar um tanto rústico e internacional, escondido por um corredor estreito no interior de Minas Gerais. O Aluarte, tradicional restaurante em Tiradentes: idealizado, dirigido e temperado por Pedro Fernandes (meu tio). Este é o momento em que todos pensam: "Eita tietagem." Não se trata disso... aliás, está muito além disso. Está na sensação de pertencer.

Venho de uma família chamada Fernandes. Uma família que no Brasil, foi iniciada pelo Davi e pela Clara. Uma família que possui uma relação especial com cozinhar e comer e faz disso um ato de amor, hospitalidade e bem-estar. Falando no qual... minhas primeiras lembranças desta sensação estão guardadas na cozinha da Dona Lígia, onde sempre tinha algo no fogo e praticamente nada era "pré-fabricado" (tá bom... o guaraná Tupí e outras coisinhas não eram feitos lá). Onde o Seu Pedro sentava sempre entre a parede e uma mesa redonda, enquanto apelidava as amigas de Lígia com nomes do tipo "Coruja Velha."

Pedro e Lígia tiveram três filhos: Celso (meu pai), Pedro Sérgio e Célia Regina (meus tios). Todos herdaram o gene da culinária, apesar do papai lembrar dele apenas para sobrevivência. Já a tia Célia faz dele um gesto de amor e carinho para/com a família, amigos e visitas.

Voltando ao Aluarte...
O tio Pedro foi o único a fazer desta hospitalidade "Fernandina", uma profissão. Há mais de duas décadas ele resolveu abrir a porta de sua casa e receber seus visitantes na intimidade e aconchego de sua cozinha, assim como fazia a Dona Lígia. Assim como na casa de meus avós, as pessoas mais importantes da minha vida passaram pelo Aluarte. Não só passaram, como estiveram lá durante longas horas, que rápidamente se passavam. Não só estiveram lá, como sempre retornaram.

Desde muito antes de ser capaz de entender o significado disso, eu já dormia nos sofás do restaurante, assim como fazia na casa de meus avós. Hoje aos 26 anos, já não durmo no sofá do Aluarte (bem... quase nunca...), mas também desfruto das tradições da casa: sentar na cozinha ao lado do fogão á lenha... ao som do saxofone do Seu Sacramento... conhecendo os visitantes que passam por lá... ouvindo e fazendo relatos de outro momento e outro lugar. Sim, tudo isso na cozinha, vendo o Pedro nos seduzir com o aroma e tempero de seus pratos, enquanto cozinha no fogão á lenha e nos conta estórias de suas viagens pelo mundo.

No dia seguinte, de tarde, enquanto o sol atravessa a janela da cozinha... o fogão é reascendido... e o tio Pedro estica as massas de sua pizza fabulosa e diz: "Essa aqui vai ficar boa. Coloquei (não vou contar o segredo)", me lembro de Dona Lígia preparando seus quitutes para o lanche da tarde. Lembro-me do Seu Pedro pegando a gente com suas brincadeiras.

A saudade é grande... infinita até... mas sei que neste instante, sinto-me em um templo... sinto-me em paz.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Verônica Explica...

Esta veio por e-mail. Mereceu a postagem.

Amizade colorida

Amigo-amante é aquele que verdadeiramente te conhece pelo avesso

Por Verônica Volúpia

Não acho uma boa misturar amizade com sexo, agora sexo com amizade eu acho tudo de bom. Nem todo amigo é degustável, mas toda degustação pode, sim, tornar-se algo mais. Infelizmente, a humanidade está acostumada a envolver-se justamente ao contrário, o que acarreta dois problemas: um, quando você agrega o fator ‘troca de fluídos' ao que antes se limitava à ‘troca de idéias', você corre o risco de perder o amigo e ganhar um caso. Dois, quando mantém a transa impessoal, você deixa de cultivar um tempero imprescindível a um bom sexo: a intimidade.
Um amigo é parte da nossa vida como um porta-retrato na estante da sala. Está sempre presente, mesmo que ausente fisicamente. Passamos por ele várias vezes por dia, com o olhar ou com a lembrança, e sabemos que o papel dele é estar ali, na alegria ou na tristeza. Quando o levamos para a cabeceira da cama, presença e lembrança se intensificam. Começamos a dormir com ele. É uma mudança e tanto: de relação para relacionamento. Você está preparada pra isso? Ele está? É o que vocês querem?

Transar com um amigo não existe. Existe transar com um ex-amigo. Você pode até se iludir que a amizade não vai mudar. Entenda: vai mudar e muito.

Mas se vocês dois já não são os mesmos e nada mais é como era antes, pra que se apegar ao passado? A vida é feita de ciclos, as mulheres de fases, os homens de inconstância. Uma dessas três verdades virá à tona cedo ou tarde. Caiu na horizontal? Deite e role. Deixou-se derrubar? Entregue os pontos. Derrubou? Administre o alçapão. O passarinho é de sua inteira responsabilidade agora. Se foi impulsivo, premeditado, previamente conversado, nada disso importa. O que importa é que aquela pessoa que lhe conhecia pelo avesso, bem, agora lhe conhece por dentro. O seu conceito de cumplicidade deve ser reavaliado. E as palavras, medidas.

Você pode falar de tudo com um amigo. Até de sexo com outros e outras. Mas, no momento em que o assunto vira o sexo entre vocês, é o fim das confidências. Não que seja proibido. É simplesmente deselegante, para não usar o termo ‘desagradável'. Você não quer saber o que ele fez com a fulaninha na noite seguinte que saiu da sua casa. Não há hipótese de rirem juntos do fato de ele ter desistido de encontrar você para sair com uma gata que pintou na área. Entre amigos, rolaria compreensão e incentivo. Com sexo, vira uma tremenda sacanagem. Antes de ser amiga, você é mulher. O segredo do sucesso está em dosar o sentimento de posse. E o fantasma da carência.
Amigo é aquele que não vê em você uma possibilidade de sexo. Por isso é tão raro. Mas concordo que, nesses tempos de escassez de caráter, colorir uma amizade tem lá as suas vantagens. É um porto seguro. Você já sente amor pela pessoa, mesmo que ainda não sinta paixão, se é que vai. Há respeito e carinho. Conhece o histórico, o passado, a família, as manias, já riu e chorou na frente dela e avaliou como ela tratou você em ambas as situações. Pode fazer juras de amor despretensiosas, sem medo de julgamentos errôneos. Há muito descartei a literalidade do verbo: um "eu te amo" pode querer dizer "você é linda", um "você é perfeita" vale por "te admiro", e por aí vai.
Quer uma dica para não embolar o meio de campo? Transforme seus amantes em amigos. Você tem as vantagens e evita as desvantagens. Foi o que eu fiz com o Jack: arrastei-o pra minha casa. Resolvemos sair da superficialidade sem selar compromisso. Agregar amizade a um relacionamento eleva o grau de cumplicidade a uma intimidade já testada e aprovada. Agregar um relacionamento a uma amizade é o inverso, a intimidade é que entra na cumplicidade. Há variações sobre o tema e não acredito em certo ou errado. Cada um sabe o que é melhor pra si. É uma questão de reconhecer o que a deixa feliz. E permitir-se. Só há um item imprescindível: tesão. Sem tesão, amigo é irmão. Nem com hidrocor você vai conseguir colorir.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cada Um

Belo é a barriguinha saliente, o ossinho do nariz, o cabelo tõe-õe-õe. Delicioso é a risada seguida de um ronco, o sotaque carregado, a estranheza de cada um. Feliz é ser careta, ser cafona. Cante alto no metrô e aplauda quem faz isso também. Num mundo tão igual, bonito é ser diferente! Não seja quadrado nem redondo, gostoso é não caber em fôrma alguma! Belo é ter "defeitos", delicioso é ser você mesmo, felicidade é não ter vergonha!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Kama-Como?!


Nesta semana fui ao salão para minha habitual sessão de depilação. Para variar, ao chegar lá, haviam umas 50 mil outras clientes na minha frente. Como minha vida de proletária não me permite uma vasta opção de horários disponíveis, resolví ficar e aguardar a minha vez. Sentei em um futton não muito confortável, mas extemamente charmoso para a decoração do ambiente.

Para mulheres como eu, a idéia de abrir as pernas - para ter seus pelos literalmente arrancados por uma cera que ao encostar na pele, está considerávelmente quente - pode ser no mínimo considerada tortura voluntária. Outras mulheres a consideram vaiade. O balançar inconsciente dos meus pés, logo anunciava meu nervosismo e ansiedade. Precisava urgentemente desviar minha atenção da dor que estava por vir.

A mesinha ao lado do futton muito charmoso, porém desconfortável, parecia ter a solução. Nela haviam várias edições passadas de uma famosa revista - que fala sobre a vida dos ricos e nem sempre famosos - cujo nome eu não fui paga para divulgar. Hum... infelizmente ler sobre a presença da Sasha no aniversário de 15 anos da amiga dela, não me pareceu menos torturante que a cera quente.

Fiz uma bagunça na mesa e encontrei uma outra revista. Desta vez, uma dessas revistas de moda que se propõe a elevar a auto-estima das mulheres, colocando na capa outra mulher bem mais bonita, bem mais "gostosa", bem sucedida, rica e famosa. Resolví dar uma folheada, pois toda mulher tem a necessidade de descobrir o que a outra tem , que ela não tem (mesmo quando a resposta já é óbvia).

Algumas páginas contando a vida da super mulher que "inventou a água"... outras com as mais novas tendências da estação... outras com maquiágens que custam mais que o meu salário... outras páginas e... Opa! "O Guia do Kama-Sutra: 11 Posições para Experimentar com seu Parceiro." O título é no mínimo cativante, mas a cativação morre por aí.

O dito guia que traz fotos de bonequinhos de biscuit ilustrando as posições, mais parecia uma revista pornográfica do mundo dos briquedos. Algo para no mínimo ser chamado de estranho. Sem falar que dentro de todo o Kama-Sutra, nossa querida editora conseguiu escolher justamente as posições mais complexas possíveis. Algumas das quais você tem que praticamente virar a revista de cabeça para baixo, só para entender a parada. E aí surge a pergunta: será que alguém realmente tenta fazer isso em casa (ou em qualquer outro lugar)?

Como mulher, a simples imagem dos bonequinhos de biscuit já me pareceu complexa o suficiente para desistir logo alí. Seguiram as sugestões: "uma combinação leve de frutas, combinada com uma massagem relaxante..." (hun?!)

Isso faz a pessoa aqui pensar: a não ser que seu "parceiro" seja um New Age geek taradinho, deve ser bastante difícil convencer um cara a ficar comendo frutinhas e fazendo massagens "relaxantes", para depois ficar não sei quanto tempo numa posição com o nome de "flôr de lótus" ou algo parecido. Pensando bem... se o nova era for taradinho, nem ele vai querer ficar enrolando tanto tempo só para chegar ao finalmente.

Definitivamente, essas revistas de moda não dão bons conselhos... só servem mesmo para fazer a mulherada se sentir fracassada e envergonhada quando tentam uma "brilhante sugestão" que não deu muito certo.

Larguei a revista de lado e logo ouví meu nome ser chamado. Passei por minha habitual sessão de masoquismo. Ao sair de lá andando feito uma pata, toda dolorida, já não restava a mínima curiosidade pelo Kama-Sutra (graças á revista e á dor da depilação).

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Menino que Gritava Lobo!


Para quem não conhece: O Menino que Gritava Lobo conta a estória de um pequeno pastor de um rebanho de ovelhas. Todos os dias o menino era obrigado a ir sozinho levar o rebanho para pastar. Cansado de ficar sozinho e entediado com o trabalho, um belo dia o menino resolveu gritar "Socorro!! Socorro!! Um lobo!! Um lobo!!" Os trabalhadores da vila saíram correndo ao socorro do menino. Ao chegarem lá, não havia lobo e o menino se escangalhava de rir, pois tinha enganado a todos. O ocorrido se repetiu durante dias, até que um dia realmente apareceu um lobo. O bicho era enorme e parecia estar morto de fome. O menino então gritou com todo o ar dos seus pulmões: "Socorro!! Socorro!! Um lobo!! Um lobo!!" Desta vez ninguém acreditou...

Não preciso contar o resto... Eu crescí ouvindo esta e muitas outras estórias. Bem cedo aprendí o peso das mentiras. Aprendí outras coisas também, mas estas ficam para uma outra hora.

A verdade é que as pessoas mentem. Todo mundo mente. As vezes é uma mentirinha boba... "Essa blusa ficou linda em você"... apenas para agradar e levantar a auto-estima de alguém. As vezes mais grave... "Eu ví o cara da faxina mexer na sua gaveta"... para incriminar alguém e/ou livrar a própria pele. Mas o fato é que em algum momento todo mundo já mentiu.

Sendo assim, alguns diriam que a mentira tem perdão, quando ela é pelo mais nobre motivo. Mas acreditar que os fins justificam os meios não seria demasiadamente maquiavélico (em todos os sentidos)? Que mentira boa é essa se quando percebida causa decepção, mesmo que por um curto segundo? Se foi a primeira vez, então na próxima também pode acreditar? E se não foi a primeira nem a segunda? Quando é que se sabe o limíte?

As vezes na vida a gente quer muito acreditar em alguma coisa. As vezes queremos tanto, que acabamos mentindo para nós mesmos. Sim, todo mundo mente... mas quando essa mentira se repete mais de uma vez, certamente existe um menino lá dentro dessa pessoa gritando "Um lobo!! Um lobo!!"

Para uns eu digo: Antes de começar a mentir para sí mesmo, determine o limíte. "A pior mentira não é aquela que nos contam, mas sim a que contamos para nós mesmos"
Para outros: Seja sincero com sí própio e não alimente ilusões na cabeça dos outros. Mesmo que por um "bom" motivo. Um dia suas boas mentiras podem perder credibilidade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Pedra

Se vejo uma pedra em meu caminho, não a chuto, pois nada fez essa pedra além de exercer seu direito de existir e estar lá. Logo, gentilmente a contorno e sigo meu caminho. Pedras sempre vão aparecer, independente de peso ou tamanho. Cabe a cada um de nós saber onde estamos indo e como chegar lá, respeitando existências inoportunas e fazendo apenas esforços positivos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Moda Antiga

Quero viver a moda antiga, brincar na rua de pedras e fazer bonecos de barro com palito de dentes.
Quero viver a moda antiga, desenhar no chão com cacos de tojolos e comer fruta do pé.
Quero trocar correspondências, passear na praça e ir na festa da igreja.
Quero conversar no portão, ver a tarde chegar e o dia adormecer.
Quero o barulho das crianças, do riacho passando e dos passaros cantando.
Quero viver a moda antiga, como se vivia antes, quando se vivia tanto.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Não Vou Pro Céu, Mas Já Não Vivo no Chão...


Tá bom... eu não quis ser uma dessas pessoas que começa um blog com apenas uma foto e muito pouco para dizer...
Esse álbum do João Bosco é a minha mais nova descoberta. Em recente viagem a Friburgo decobrí o Mr. Bosco em uma manhã cinzenta e chuvosa, com uma caneca de chocolate quente na mão. É impossível ouvir esse álbum e não ser imediatamente transportado para um fim de tarde em um dos "many" bares na orla de Copacabana (é claro, sem a imagem das putas, dos travecos e dos pivetes que hoje dominam o local). Uma quase sensação de conforto nostálgico que vale a pena ser conferido.
“Beginnings of Space Travel” by Werner Reiterer.

To new beginnings and their many different ways!