segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Novas Descobertas




Hoje eu gostaria de deixar uma sugestão, mas antes...

Ontém, acreditem ou não, a Maria Isabel foi a praia curtir a "deliciosa" sensação de areia grudada entre os dedões do pé. Sim, continuo longe do maneirismo carioca, mas não conseguí imaginar o que mais fazer nesta sufocante onda de calor. Antes que vocês comecem a se empolgar: não, eu ainda não adquirí o talento de ficar parada na areia escaldante, acompanhando com a cabeça a trajetória da bolinha de frescobol, do casal vizinho, voar de um lado e para o outro... de um lado e para o outro. A melhor opção que me restava era fazer uma caminhada... no calçadão é lógico. A idéia de caminhar junto a água até era convidativa, mas o risco de ser atropelada por algum praiero entusiasmado me pareceu bem alta. Desistí na hora.

É de se imaginar que em uma cidade tão grande, em pleno calor escaldante, a probabilidade de um petropolitano coincidentemente encontrar um conterrâneo, seja bem pequena, mas naquele domingo de sol a estatística provou que o mínimo também é possível. Estava eu na minha caminhada, quando percebí um cidadão em uma bicicleta, olhando incontrolávelmente para minha cara. Hum... parecia ser o Carlos, mas se fosse ele teria falado oi. Tudo bem que eu sou míope e já estava a bastante tempo embaixo do sol, mas o cara era muito parecido com ele! Oh! E não é que era o Carlos?! Amigo de longa data... mala de longa data... chateeeinho de longa data (Rs). Só faltou me perguntar me meu irmão tinha deixado eu ir a praia e se sabia que eu estava vestida daquele jeito (para relembrar os velhos tempos). Oh adolescência sofrida! Não bastava ter um irmão ciumento e controlador... os amigos dele também tinham que me vigiar... haha. Uma água de coco e alguns assuntos depois: cada um seguiu para um lado e fui faminta a procura do Koni Store mais próximo.

É aqui onde eu queria chegar. O legal dessas lojas do Koni é que eles estão com uma seleção musical muito boa! Para os que não gostam de peixe cru... vale a pena passar por lá para beber alguma coisa e ouvir as músicas e quem sabe até experimentar um Konizin'. Meus parabéns para o DJ e produtor Joca Vidal. Esse vídeo aí de cima é uma das descobertas entre a seleção do Joca. The Eye of the Tiger na voz de Chiara Mastroianni. Sensacional!

Bom, essa estória toda da praia era para chegar neste curto parágrafo da música e também para dedicar este post a mi amigo Carlos, frequentador assíduo do Poivre-Rosé, que nunca deixou um comentário pra mim e que vive me cobrando novos posts. Carlitos, mesmo depois de ser chamada de branca azeda e rabugenta, "te dedico"! Agora cadê o meu chopp?! rs

domingo, 8 de novembro de 2009

Mr. Gorbachev, tear down this wall!

"A Mother and her dead Son" (Pieta) - Kathe Kollwitz

Ás vésperas do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim, eu me sinto no dever de finalmente dar continuidade as postagens sobre minhas férias. Afinal, a recente viagem á Alemanha me faz entender o significado desta data com ainda mais sensibilidade.

Vim dedicando muito tempo em tentar escrever algo sobre minha ida a Berlim.Talvez minha maior dificuldade tenha sido porque não quero escrever apenas qualquer coisa. Sinto certa responsabilidade em fazer jus a tudo o que é Berlim – uma responsabilidade como cidadã do mundo ou até mesmo como internacionalista (carreira por opção e tesão por entender as cenas que construíram o mundo em que vivemos hoje).

Shakespeare uma vez escreveu “Todo o mundo é um palco e todas as mulheres e todos os homens são meros atores.” Eu diria que Berlim por si só já é um palco, por onde todos que lá passaram, foram meros “fatores”.

É difícil começar a escrever... O que dizer sobre uma cidade que durante décadas foi o centro das atenções do mundo? Onde nada acontecia sem que alguém soubesse... Onde qualquer deslize contra o sistema não saía impune. Berlim foi brutalizada. Não só uma vez, mas duas vezes consecutivas. Berlim foi dividida. Não só uma vez, mas duas vezes consecutivas. Berlim foi reconstruída. Não só uma vez, mas duas vezes consecutivas.

Ao caminhar por Berlim – pela linda e imponente Berlim – não podia deixar de imaginar as dores e cenas que ocorreram no local. A cada marca de bala nos edifícios (cicatrizes da cidade), a pergunta: quem teria sido o alvo? A cada pedaço remanescente do muro (cicatrizes da cidade), a pergunta: quantas famílias foram divididas?

Berlim é uma experiência mais que geográfica e histórica. É uma experiência sensorial, até mesmo psicológica, é sem dúvida uma experiência humana!

A primeira impressão foi de um ar de melancolia, uma sensação de que algo havia sido esquecido, foi quase como andar em uma cidade fantasma cheia de gente (turistas). Era sábado de manhã e talvez a sensação tenha sido meramente porque as pessoas ainda não haviam acordado. Ao longo do dia e da multidão de turistas, a sensação se repetia. Onde estariam os moradores da cidade? Foi então que nosso guia apresentou a explicação: Berlim é uma das cidades mais pobres da Alemanha, quase não possui investimento privado. O governo foi “obrigado” a simular obras com falsas fachadas, com andaimes, para que os turistas não tivessem a sensação da cidade ter sido abandonada. Reconheço os esforços do governo alemão, mas tenho que admitir que talvez isso dó funcione para o turista comum... Os mais perceptivos sentem a melancolia de Berlim.

Mas nem tudo é pesar naquela cidade. Como ela é linda! Sua beleza é tão imensa, que enche o coração de alegria, quase como se apaixonar pela primeira vez (não tivera eu já me apaixonado por Paris). O vento era gélido, porém acolhedor, como se a cidade estivesse querendo passar as mãos no meu rosto e dizer “seja bem-vinda”.

Berlim é mulher. Uma mulher que viveu de glórias, linda e majestosa! A dama mais amada do Império Prussiano. Uma dama que foi seqüestrada, saqueada, violentada e depois largada. Uma dama que após seu sofrimento, vive dos olhares caridosos, porém desviados, daqueles que poderiam ter-la protegido, mas estavam mais ocupados com outras frivolidades. Talvez por vergonha, hoje não conseguem olhar-la nos olhos. Vive dos olhares curiosos daqueles que de longe e há muito ouvem sua história. Mas Berlim É mulher e como a mulher que é, ela se mantém linda e imponente, como quem diz “Olhem para mim! Eu sou a mesma que sempre fui! Vocês não vão me ignorar e muito menos esquecer!”

No dia 09 de novembro de 1989, um homem cometeu um erro, sem querer salvou Berlim e talvez toda a humanidade da tirania da briga por poder. Parabéns Günter Schabowski, pelo erro mais bem cometido em toda a história contemporânea. Parabéns Riccardo Ehrman, pela pergunta mais oportuna em toda a história contemporânea.

Para quem gosta de arte, ficou curioso e quer saber mais sobre a foto acima:
http://www.lauranehr.com/blog/tag/kathe-kollwitz/
http://en.wikipedia.org/wiki/Neue_Wache

OBS.: A escultura fica sob uma abertura no telhado, exposta as condições climáticas, simbolizando o sofrimento das vítimas da tirania e da guerra.