sábado, 19 de setembro de 2009

Minha Família, Meus Deuses, Meus Templos

Templo (do latim templum local sagrado) é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso. O termo também pode ser usado em sentido figurado. Neste sentido, é o reflexo do mundo divino, a habitação de Deus sobre a terra, o lugar da Presença Real.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Templo

Muitos lugares são chamados de templo, talvez por sua simbologia estética ou pela tradição em serem vistos como tal. Pouquíssimos lugares realmente são considerados templos. Estes são lugares que despretenciosamente nos trazem a sensação de pertencer a algo maior.

Um restaurante com um toque de jazz, com um ar um tanto rústico e internacional, escondido por um corredor estreito no interior de Minas Gerais. O Aluarte, tradicional restaurante em Tiradentes: idealizado, dirigido e temperado por Pedro Fernandes (meu tio). Este é o momento em que todos pensam: "Eita tietagem." Não se trata disso... aliás, está muito além disso. Está na sensação de pertencer.

Venho de uma família chamada Fernandes. Uma família que no Brasil, foi iniciada pelo Davi e pela Clara. Uma família que possui uma relação especial com cozinhar e comer e faz disso um ato de amor, hospitalidade e bem-estar. Falando no qual... minhas primeiras lembranças desta sensação estão guardadas na cozinha da Dona Lígia, onde sempre tinha algo no fogo e praticamente nada era "pré-fabricado" (tá bom... o guaraná Tupí e outras coisinhas não eram feitos lá). Onde o Seu Pedro sentava sempre entre a parede e uma mesa redonda, enquanto apelidava as amigas de Lígia com nomes do tipo "Coruja Velha."

Pedro e Lígia tiveram três filhos: Celso (meu pai), Pedro Sérgio e Célia Regina (meus tios). Todos herdaram o gene da culinária, apesar do papai lembrar dele apenas para sobrevivência. Já a tia Célia faz dele um gesto de amor e carinho para/com a família, amigos e visitas.

Voltando ao Aluarte...
O tio Pedro foi o único a fazer desta hospitalidade "Fernandina", uma profissão. Há mais de duas décadas ele resolveu abrir a porta de sua casa e receber seus visitantes na intimidade e aconchego de sua cozinha, assim como fazia a Dona Lígia. Assim como na casa de meus avós, as pessoas mais importantes da minha vida passaram pelo Aluarte. Não só passaram, como estiveram lá durante longas horas, que rápidamente se passavam. Não só estiveram lá, como sempre retornaram.

Desde muito antes de ser capaz de entender o significado disso, eu já dormia nos sofás do restaurante, assim como fazia na casa de meus avós. Hoje aos 26 anos, já não durmo no sofá do Aluarte (bem... quase nunca...), mas também desfruto das tradições da casa: sentar na cozinha ao lado do fogão á lenha... ao som do saxofone do Seu Sacramento... conhecendo os visitantes que passam por lá... ouvindo e fazendo relatos de outro momento e outro lugar. Sim, tudo isso na cozinha, vendo o Pedro nos seduzir com o aroma e tempero de seus pratos, enquanto cozinha no fogão á lenha e nos conta estórias de suas viagens pelo mundo.

No dia seguinte, de tarde, enquanto o sol atravessa a janela da cozinha... o fogão é reascendido... e o tio Pedro estica as massas de sua pizza fabulosa e diz: "Essa aqui vai ficar boa. Coloquei (não vou contar o segredo)", me lembro de Dona Lígia preparando seus quitutes para o lanche da tarde. Lembro-me do Seu Pedro pegando a gente com suas brincadeiras.

A saudade é grande... infinita até... mas sei que neste instante, sinto-me em um templo... sinto-me em paz.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Verônica Explica...

Esta veio por e-mail. Mereceu a postagem.

Amizade colorida

Amigo-amante é aquele que verdadeiramente te conhece pelo avesso

Por Verônica Volúpia

Não acho uma boa misturar amizade com sexo, agora sexo com amizade eu acho tudo de bom. Nem todo amigo é degustável, mas toda degustação pode, sim, tornar-se algo mais. Infelizmente, a humanidade está acostumada a envolver-se justamente ao contrário, o que acarreta dois problemas: um, quando você agrega o fator ‘troca de fluídos' ao que antes se limitava à ‘troca de idéias', você corre o risco de perder o amigo e ganhar um caso. Dois, quando mantém a transa impessoal, você deixa de cultivar um tempero imprescindível a um bom sexo: a intimidade.
Um amigo é parte da nossa vida como um porta-retrato na estante da sala. Está sempre presente, mesmo que ausente fisicamente. Passamos por ele várias vezes por dia, com o olhar ou com a lembrança, e sabemos que o papel dele é estar ali, na alegria ou na tristeza. Quando o levamos para a cabeceira da cama, presença e lembrança se intensificam. Começamos a dormir com ele. É uma mudança e tanto: de relação para relacionamento. Você está preparada pra isso? Ele está? É o que vocês querem?

Transar com um amigo não existe. Existe transar com um ex-amigo. Você pode até se iludir que a amizade não vai mudar. Entenda: vai mudar e muito.

Mas se vocês dois já não são os mesmos e nada mais é como era antes, pra que se apegar ao passado? A vida é feita de ciclos, as mulheres de fases, os homens de inconstância. Uma dessas três verdades virá à tona cedo ou tarde. Caiu na horizontal? Deite e role. Deixou-se derrubar? Entregue os pontos. Derrubou? Administre o alçapão. O passarinho é de sua inteira responsabilidade agora. Se foi impulsivo, premeditado, previamente conversado, nada disso importa. O que importa é que aquela pessoa que lhe conhecia pelo avesso, bem, agora lhe conhece por dentro. O seu conceito de cumplicidade deve ser reavaliado. E as palavras, medidas.

Você pode falar de tudo com um amigo. Até de sexo com outros e outras. Mas, no momento em que o assunto vira o sexo entre vocês, é o fim das confidências. Não que seja proibido. É simplesmente deselegante, para não usar o termo ‘desagradável'. Você não quer saber o que ele fez com a fulaninha na noite seguinte que saiu da sua casa. Não há hipótese de rirem juntos do fato de ele ter desistido de encontrar você para sair com uma gata que pintou na área. Entre amigos, rolaria compreensão e incentivo. Com sexo, vira uma tremenda sacanagem. Antes de ser amiga, você é mulher. O segredo do sucesso está em dosar o sentimento de posse. E o fantasma da carência.
Amigo é aquele que não vê em você uma possibilidade de sexo. Por isso é tão raro. Mas concordo que, nesses tempos de escassez de caráter, colorir uma amizade tem lá as suas vantagens. É um porto seguro. Você já sente amor pela pessoa, mesmo que ainda não sinta paixão, se é que vai. Há respeito e carinho. Conhece o histórico, o passado, a família, as manias, já riu e chorou na frente dela e avaliou como ela tratou você em ambas as situações. Pode fazer juras de amor despretensiosas, sem medo de julgamentos errôneos. Há muito descartei a literalidade do verbo: um "eu te amo" pode querer dizer "você é linda", um "você é perfeita" vale por "te admiro", e por aí vai.
Quer uma dica para não embolar o meio de campo? Transforme seus amantes em amigos. Você tem as vantagens e evita as desvantagens. Foi o que eu fiz com o Jack: arrastei-o pra minha casa. Resolvemos sair da superficialidade sem selar compromisso. Agregar amizade a um relacionamento eleva o grau de cumplicidade a uma intimidade já testada e aprovada. Agregar um relacionamento a uma amizade é o inverso, a intimidade é que entra na cumplicidade. Há variações sobre o tema e não acredito em certo ou errado. Cada um sabe o que é melhor pra si. É uma questão de reconhecer o que a deixa feliz. E permitir-se. Só há um item imprescindível: tesão. Sem tesão, amigo é irmão. Nem com hidrocor você vai conseguir colorir.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cada Um

Belo é a barriguinha saliente, o ossinho do nariz, o cabelo tõe-õe-õe. Delicioso é a risada seguida de um ronco, o sotaque carregado, a estranheza de cada um. Feliz é ser careta, ser cafona. Cante alto no metrô e aplauda quem faz isso também. Num mundo tão igual, bonito é ser diferente! Não seja quadrado nem redondo, gostoso é não caber em fôrma alguma! Belo é ter "defeitos", delicioso é ser você mesmo, felicidade é não ter vergonha!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Kama-Como?!


Nesta semana fui ao salão para minha habitual sessão de depilação. Para variar, ao chegar lá, haviam umas 50 mil outras clientes na minha frente. Como minha vida de proletária não me permite uma vasta opção de horários disponíveis, resolví ficar e aguardar a minha vez. Sentei em um futton não muito confortável, mas extemamente charmoso para a decoração do ambiente.

Para mulheres como eu, a idéia de abrir as pernas - para ter seus pelos literalmente arrancados por uma cera que ao encostar na pele, está considerávelmente quente - pode ser no mínimo considerada tortura voluntária. Outras mulheres a consideram vaiade. O balançar inconsciente dos meus pés, logo anunciava meu nervosismo e ansiedade. Precisava urgentemente desviar minha atenção da dor que estava por vir.

A mesinha ao lado do futton muito charmoso, porém desconfortável, parecia ter a solução. Nela haviam várias edições passadas de uma famosa revista - que fala sobre a vida dos ricos e nem sempre famosos - cujo nome eu não fui paga para divulgar. Hum... infelizmente ler sobre a presença da Sasha no aniversário de 15 anos da amiga dela, não me pareceu menos torturante que a cera quente.

Fiz uma bagunça na mesa e encontrei uma outra revista. Desta vez, uma dessas revistas de moda que se propõe a elevar a auto-estima das mulheres, colocando na capa outra mulher bem mais bonita, bem mais "gostosa", bem sucedida, rica e famosa. Resolví dar uma folheada, pois toda mulher tem a necessidade de descobrir o que a outra tem , que ela não tem (mesmo quando a resposta já é óbvia).

Algumas páginas contando a vida da super mulher que "inventou a água"... outras com as mais novas tendências da estação... outras com maquiágens que custam mais que o meu salário... outras páginas e... Opa! "O Guia do Kama-Sutra: 11 Posições para Experimentar com seu Parceiro." O título é no mínimo cativante, mas a cativação morre por aí.

O dito guia que traz fotos de bonequinhos de biscuit ilustrando as posições, mais parecia uma revista pornográfica do mundo dos briquedos. Algo para no mínimo ser chamado de estranho. Sem falar que dentro de todo o Kama-Sutra, nossa querida editora conseguiu escolher justamente as posições mais complexas possíveis. Algumas das quais você tem que praticamente virar a revista de cabeça para baixo, só para entender a parada. E aí surge a pergunta: será que alguém realmente tenta fazer isso em casa (ou em qualquer outro lugar)?

Como mulher, a simples imagem dos bonequinhos de biscuit já me pareceu complexa o suficiente para desistir logo alí. Seguiram as sugestões: "uma combinação leve de frutas, combinada com uma massagem relaxante..." (hun?!)

Isso faz a pessoa aqui pensar: a não ser que seu "parceiro" seja um New Age geek taradinho, deve ser bastante difícil convencer um cara a ficar comendo frutinhas e fazendo massagens "relaxantes", para depois ficar não sei quanto tempo numa posição com o nome de "flôr de lótus" ou algo parecido. Pensando bem... se o nova era for taradinho, nem ele vai querer ficar enrolando tanto tempo só para chegar ao finalmente.

Definitivamente, essas revistas de moda não dão bons conselhos... só servem mesmo para fazer a mulherada se sentir fracassada e envergonhada quando tentam uma "brilhante sugestão" que não deu muito certo.

Larguei a revista de lado e logo ouví meu nome ser chamado. Passei por minha habitual sessão de masoquismo. Ao sair de lá andando feito uma pata, toda dolorida, já não restava a mínima curiosidade pelo Kama-Sutra (graças á revista e á dor da depilação).

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Menino que Gritava Lobo!


Para quem não conhece: O Menino que Gritava Lobo conta a estória de um pequeno pastor de um rebanho de ovelhas. Todos os dias o menino era obrigado a ir sozinho levar o rebanho para pastar. Cansado de ficar sozinho e entediado com o trabalho, um belo dia o menino resolveu gritar "Socorro!! Socorro!! Um lobo!! Um lobo!!" Os trabalhadores da vila saíram correndo ao socorro do menino. Ao chegarem lá, não havia lobo e o menino se escangalhava de rir, pois tinha enganado a todos. O ocorrido se repetiu durante dias, até que um dia realmente apareceu um lobo. O bicho era enorme e parecia estar morto de fome. O menino então gritou com todo o ar dos seus pulmões: "Socorro!! Socorro!! Um lobo!! Um lobo!!" Desta vez ninguém acreditou...

Não preciso contar o resto... Eu crescí ouvindo esta e muitas outras estórias. Bem cedo aprendí o peso das mentiras. Aprendí outras coisas também, mas estas ficam para uma outra hora.

A verdade é que as pessoas mentem. Todo mundo mente. As vezes é uma mentirinha boba... "Essa blusa ficou linda em você"... apenas para agradar e levantar a auto-estima de alguém. As vezes mais grave... "Eu ví o cara da faxina mexer na sua gaveta"... para incriminar alguém e/ou livrar a própria pele. Mas o fato é que em algum momento todo mundo já mentiu.

Sendo assim, alguns diriam que a mentira tem perdão, quando ela é pelo mais nobre motivo. Mas acreditar que os fins justificam os meios não seria demasiadamente maquiavélico (em todos os sentidos)? Que mentira boa é essa se quando percebida causa decepção, mesmo que por um curto segundo? Se foi a primeira vez, então na próxima também pode acreditar? E se não foi a primeira nem a segunda? Quando é que se sabe o limíte?

As vezes na vida a gente quer muito acreditar em alguma coisa. As vezes queremos tanto, que acabamos mentindo para nós mesmos. Sim, todo mundo mente... mas quando essa mentira se repete mais de uma vez, certamente existe um menino lá dentro dessa pessoa gritando "Um lobo!! Um lobo!!"

Para uns eu digo: Antes de começar a mentir para sí mesmo, determine o limíte. "A pior mentira não é aquela que nos contam, mas sim a que contamos para nós mesmos"
Para outros: Seja sincero com sí própio e não alimente ilusões na cabeça dos outros. Mesmo que por um "bom" motivo. Um dia suas boas mentiras podem perder credibilidade.