Antes de qualquer coisa, peco desculpas, pois escrevo do laptop do meu irmao que está formatado para o alemao. Fico aqui parada em frente ao computador tentando imaginar como relatar os últimos dias. Acho que nada que eu escreva fará justica ao esplendor do que tem sido meus dias desde que aterrisei no aeroporto Charles de Gaulle.
Embarquei no aeroporto Tom Jobim, aguardando um longo, cansativo e tedioso vôo de aproximadamente 11 horas + uma longa, cansativa e tediosa espera de 8 horas até embarcar na conexao para Hanover. Me surpreendí em ambos os casos. Ao embarcar no Rio conhecí meu mais novo amigo, sentado na poltrona ao lado: O Maxwell (Max para os íntimos), um jovem que fazia questao de ficar lembrando dos seus 45 anos. Mais um servo da navegacao (no caso dele, a submarina). A boa conversa e estórias do mundo a fora fizem as longas horas do vôo "voarem." Antes de desembarcar o Max fez uma sugestao: "Aproveite as horas de espera e vá conhecer Paris. Se você nao for, vai acabar se arrependendo..." Será que eu seria tao ousada?
Ao sair do aviao, olhei para a D. Evanir (sogra d meu irmao e minha companheira de viagem) e disse "vamos?" Nao sei quem era a mais louca: se era eu por fazer a sugestao ou ela por concordar. Procurei o guichê de informacoes a turistas e comprei nossas passagens. ***Choque cultural N° 1: por 7 Euros compra-se uma passagem de uso ilimitado durante 24 horas., para que as pessoas possam conhecer a cidade. Com um francês medíocre e um mapa na mao, pegamos o metrô no aeroporto e fomos rumo a felicidade.
A primeira parada: A catedral de Notre Dame. Chegamos bem no meio de uma missa em latim. Haja coracao neste momento! A emocao foi tao grande que precisei de um momento até "cair a ficha." Infelizmente nosso tempo era contado e ainda tinhamos bastante coisas para ver e nao sabiamos exatamente a distância e tempo entre cada uma.
Dizem que todo mundo se apaixona em Paris. Sempre achei isso uma dessas frases feitas de cinema americano. Ao avistar a Torre Eifel de longe, confesso que um milhao de borboletas voaram comecaram a voar dentro da minha barriga, meu coracao desparou e tive uma incontrolável vontade de sorrir. Naquele exato momento, me apaixonei... me apaixonei por Paris. Já nao lembrava do cansaco do vôo... das quase 24 horas sem dormir... minha atencao pertencia a Paris.
Ao deixarmos a torre rumo ao nosso próximo destino, paramos em um "camelô" de souvenir. O vendedor: um indiano que falava um português meio enrolado. Acho que a novela do Raj andou fazendo bastante sucesso entre a comunidade indiana. Nosso amigo veio dizer que sou igual a Juliana Paes. Haha. Imagina eu e a Jú... irmas gêmeas... mas valeu a "semelhanca": ganhamos quase 50% de desconto e dois chaveiros de grátis!
Caminhamos ao lado do Rio Sena até a proxima estacao. Por sorte ou por intervencao divina, sempre embarcavamos na direcao correta do metrô. Ao entrarmos no vagão logo fomos surpreendidas com um teatrinho ambulante e entre uma fala e outra logo estavamos na próxima parada: Champs Elysee e seu magnífico Arc de Triomphe. Quer lugar melhor que este para sentir a glória de vencer os obstáculos do sono, cansaço e medo de se perder??
Falando em se perder... "Dona Ivanir, onde é que está o mapa?" Jesus! Perdemos o mapa... Foi neste exato momento que o sentimento de glória e vitória sairam correndo e largaram o desespero no lugar. Voltamos para a estação de metrô e ao ver o primeiro funcionário fui logo mandando um inglês pedindo socorro, como todo bom turista. Como todo bom francês, nosso amigão olhou para minha cara torcendo o nariz. Tentei uma nova abordagem: a capacidade total do meu francês medíocre. Talvez tenha sido o cançaso, talvez o desespero, mas o fato é que não entendí uma única palavra da resposta dele. Foi aí que tive que apelar e fazer cara de choro e dizer: "Je ne comprends pa... parle-vouz inglés". E assim morreu qualquer boa vontade que aquele velho homem tinha. Com um curto "Oui. That train!" nos indicou o trem que tinhamos que pegar e zarpou fora.
Assim, com toda a beleza de Paris e o bom humor dos franceses, minhas 8 horas na França chegaram ao fim. Sem tristeza, mas com um coração apaixonado, me despedí de Paris e anseiava reencontrar meu irmão.